Postado por Leo Mesquita on sábado, outubro 02, 2010
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Neste momento muitas são as lembranças. Participar da Maratona de Berlim foi um grande privilégio que tive em minha vida. Nunca esquecerei.
Cheguei em Berlim na sexta feira. O calor surpreendeu. Fazia 23 graus. Eu espera algo perto de 15 graus. Queria correr com baixa temperatura. 23 graus seria mais quente do que na maratona do Rio, que ocorreu em julho.
Ainda na sexta feira fui à feira da maratona. Armada em um aeroporto desativado. Feira gigantesca. Entrega de número de peito e chip da corrida de forma muito organizada. Pequena fila que foi resolvida rapidamente. Mas a feira não é tão organizada como eu esperava. Não havia controle na entrada. A principio teriam acesso à feira apenas o atleta inscrito e mais um convidado. Haveria também uma espécie de jantar de massas. Não vi nada disto. Deixei para retirar a camiseta do evento, que era comprada adicionalmente à inscrição, após a corrida. Era uma espécie de camiseta de conclusão de prova, de finisher. Para minha surpresa, ao tentar retirar a camiseta após a corrida no domingo, as camisetas estavam esgotadas! Ops, ficou feio isto ai. Me prometeram enviar a camiseta pelo correio. Por enquanto nenhum comunicado oficial sobre isto.
No sábado a temperatura já estava dentro dos padrões normais. Fazia frio. Preparei o material que iria levar comigo para a prova. O que usar antes e depois da corrida. A idéia era usar um agasalho de moletom antes da largada e deixá-lo pelo caminho assim que o corpo aquecesse. Para trocar após a corrida tinha uma blusa fina de manga comprida e outra de manga curta, um par de meia e chinelos. Esqueci de separar calça ou short para trocar.
Chegou o domingo, dia da corrida. O frio apertou, a temperatura já estava perto de 10 graus. Não era para fazer tanto frio assim. Chovia fininho de forma contínua. Meio que de forma instintiva decidir fazer o contrário do que havia planejado. Iria fazer a largada com a blusa fina de manga comprida e deixar o moletom para o final. Levei também uma capa de chuva. Foi a minha sorte. Realmente é preciso pensar melhor no que fazer após a corrida. Principalmente quando a corrida ocorre em temperatura muito diferente da que estamos acostumados.
Dada a largada demorei apenas pouco mais de 1 minuto para cruzar o pórtico de largada. Fiquei surpreso quanto a isto. Desde os primeiro metros já era possível correr em ritmo normal. Corre-se sempre perto de grupos de pessoas, mas sem esbarrões.
Seguia dentro do meu planejamento em termos de ritmo. Em função da baixa temperatura a percepção de esforço fica muito alterada. De repente me vi correndo em ritmo de meia maratona. Em ritmo tal que daria para fechar a prova com 3h e 4min. Muito rápido. Mas me sentia bem e assim mantive o ritmo. Talvez aqui tenha cometido um erro. Era para ter reduzido o ritmo.
Cruzei a primeira metade da prova. Completei a meia maratona 1 segundo mais rápido do que a minha melhor marca nesta distância. Ou seja, ainda mantinha um ritmo muito acima do que havia planejado. Me sentia bem, conversava com alguns outros corredores, mantive o ritmo. Logo após a primeira metade da prova retirei a blusa de manga comprida e fiquei apenas com a camiseta de manga curta. Me senti mais leve.
Entre os quilômetros 20 e 25 mantive a média mais alta de velocidade na prova. Cravei um 3:50 min/km em certo trecho! Havia perdido o juízo. Foi só cruzar a placa do km 25 que senti uma fisgada forte na perna esquerda.  Este é o grande problema de correr em temperaturas baixas. O risco de problema muscular fica muito alto uma vez que o corpo não aquece adequadamente. Ali meu psicológico foi fortemente afetado e o ritmo de prova caiu. Só pensava que aquilo ali poderia colocar a prova toda em risco. Passei a administrar cada passada.
No km 38 me sentia muito cansado. O ritmo ainda estava bom e na placa do km 40 passei abaixo de 3 horas. A meta inicialmente planejada, que era de 3 h e 15 min, estava garantida. Eu só queria concluir a prova sem qualquer outro problema muscular.
Nos kms finais do percurso existem muitas curvas, o que força demais os músculos já fadigados. Para manter o equilíbrio nas curvas em um piso molhado os músculos são mais exigidos. Estava com muito medo de ter uma câimbra. De repente, no km 41 senti meus músculos da perna esquerda dando um nó. Achei que aquilo ali iria por um final antecipado na prova. Ainda bem que foi apenas mais um susto.
Reta final. Portão de Brandemburgo já era visível. Só pensava na linha de chegada. Fechei a prova com 3 horas 8 minutos e 38 segundos. Muita raça, muita disposição e determinação. O frio no final da corrida castigava os atletas. Troquei minha roupa, rapidamente encontrei com minha esposa, muita sorte. Só pensava em voltar para o hotel e tomar uma banho bem quente. Depois muita comemoração com cerveja nacional!

9 comentários:

André Gonçalves disse...

Parabéns pela prova e pelo texto!

George Volpão disse...

Salve Léo!

Super parabéns pela prova. Nem sequer imagino como é correr uma maratona na faixa das 3 horas. Se em 4:35 como eu faço já é dolorido, hehe.

Mais uma vez meus parabéns e desejo-lhe uma ótima recuperação.

Abraços

Tadeu Góes disse...

E a cerva nacional é boa? Vem gelada (rsrsrs)?
Parabéns! Excelente tempo.

Rodrigo Fonseca disse...

Léo, sensacional... puta corridaça, 'cê tá voando mesmo! PR de meia na Maratona, foi demais!!! Abração e que venha a sub-3!

lia cavalcanti disse...

Meus parabens pelo excelente tempo.Ainda bem que as fisgadas foram temporarias.
@liyhacavalcanti

cesinha disse...

Léo,
Muito legal esse tipo de relato, que nos coloca dentro da prova...
Felizmente fez frio (não reclame), porque ajuda muito, mas muito mesmo no aspecto fisiológico, pq evita que o corpo tenha que gastar mais energia para se resfriar.
Agora é planejar, treinar e começar as tentativas sub3hs
Abs
Cesinha
http://cesinhanascorridas.blogspot.com/

Morgado disse...

Léo, resultado impressionante. Com o índice, pretende correr Boston ano que vem? Abs.

Leo Mesquita disse...

Morgado, tinha como referência o tempo de 3 h e 15 min que seria o classificatório para Boston na minha faixa etária. Maratonas no ano que vem estou pensando em Porto Alegre e Buenos Aires. Abcs!

Alessandro S Silva disse...

Muito legal esse post. Eu quero muito fazer a maratona de Berlin, que é uma cidade pela qual tenho um carinho especial. No entanto, pretendo fazer minha estreia em Paris, não agora em abril, mas no ano que vem. Se eu deixar para Berlin, só em setembro/2012, vai demorar muito.

Ah, parabéns pelo excelente resultado. Quando eu crescer, quero ser Leo Mesquista! rs

Abs,

Alessandro
http://blog42195.blogspot.com/

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